sábado, 10 de setembro de 2011

Comissão da Verdade: governo quer urgência

A presidente Dilma Rousseff definiu ontem com seus ministros o próximo dia 21, uma quarta-feira, como data ideal para a Câmara dos Deputados votar o projeto que cria a Comissão da Verdade. O governo quer aprovar urgência no rito da proposta e levar a votação direta para o plenário, sem passar por comissões. Dilma gostaria de ver o texto aprovado durante sua viagem aos Estados Unidos, onde faz o discurso na abertura da Assembléia Geral da ONU, em Nova York, no dia 20. 

A semana é considerada a mais propícia. Antes e depois desta semana, medidas provisórias trancam a pauta. Para facilitar a votação, o governo busca um acordo suprapartidário e faz um discurso de que a Comissão da Verdade é um assunto que o une à oposição, e não divide. A presidente ouviu ontem dos ministros Celso Amorim (Defesa), Maria do Rosário (Direitos Humanos) e José Eduardo Cardozo (Justiça), em reunião no Palácio do Planalto, que o diálogo com o PSDB e o DEM avançou e que não há obstáculos ao projeto. 

- Essa é uma matéria que não divide nem a oposição e nem o goveno. Nos une a todos. A democracia é uma construção de todos. É a busca pela unidade nacional - disse Maria do Rosário. 

José Genoino, assessor especial do ministro da Defesa e que atua na linha de frente da criação da comissão, afirmou que, neste tema, não haverá disputa partidária e que se trata de "assunto de Estado". Ele disse que o projeto será apreciado numa sessão específica para discutir e votar apenas a Comissão da Verdade. A ideia é não incluir outro tema na pauta. 

Genoino afirmou que conversou com vinte partidos e que vários da oposição "estão fechados" com o governo. Ele citou o PPS, o PSDB e o PV. Na próxima terça, haverá reunião com parlamentares do DEM. 

- É um projeto de consenso e será votado com respaldo da Lei da Anistia e da decisão do Supremo (o STF entendeu que a lei não pune agentes do Estado daquela época). É um ajuste de conta com o futuro e não com o passado - disse José Genoino. 

Para não prejudicar o trâmite da Comissão da Verdade, o governo decidiu "congelar" um projeto de Luiza Erundina (PSB-SP) que tem o objetivo de mudar a Lei de Anistia para punir quem torturou, matou e desapareceu com opositores do regime militar. A proposta já esteve duas vezes prestes a ser votada na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, mas foi retirada de pauta. 

O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (SP), reuniu-se com ministros do governo e afirmou que há uma convergência para aprovar a Comissão. Mas o tucano disse que a condição é que o texto do governo não seja alterado e que se evite "mexer nas feridas do passado": 

- São feridas profundas nos dois lados, dos militares e dos militantes ligados aos presos políticos. A comissão é para fazer um registro histórico, pela conciliação nacional e trabalhar pela memória de quem viveu esse momento. 

Fonte: O Globo

Nenhum comentário:

Postar um comentário